Num dia de setembro...

           Há algum tempo atrás, pra ser mais precisa, oito anos, exatamente no mês de setembro, abri a porta da minha casa, pra sair e nunca mais voltar, após dolorosa conversa entre nós, depois de dezessete anos de uma convivência em algumas vezes tranquila, algumas vezes alegre, algumas vezes companheira, outras tantas monotonas, fechamos um ciclo, fui para um lado e você pro outro.
     Foi só o começo de uma vida sem você, e olha que isso não era o que mais me preocupava, sabe porque? porque mesmo antes do nosso casamento, durante o nosso namoro, sempre tive autonomia e coragem de enfrentar a vida sozinha, fui preparada pra isso, sei que ninguém pode ser dependente de ninguém, cada ser é único, porém, o amor nos completa e quando isso não acontece devemos seguir sozinhos. O que mais me preocupava, na verdade era levar comigo o nosso filho, que era como diz Djavan "o que restou de nós dois...". A porção mais bonita do nosso amor,era minha,a minha maior herança, mais também a minha maior preocupação.
           Mais mesmo assim me descobri com uma coragem imensa de seguir, e lutar pra criar esse "serzinho" maravilhoso que contava na ápoca com apenas 07 anos de uma vida até ali estável, mais Deus em sua infinita bondade, não abandona ninguém, e como filha dele não fujo a luta. Então, segui e hoje depois de calmarias, tempestades, mais sempre tendo Deus ao meu lado, ele agora com 15 anos, tornou-se um homem, e apesar de em alguns momentos ter precisado de um pai, consegui não substituir, porque segundo ele próprio mãe não substitui pai e nem vice versa. Mas consegui suprir as lacunas maiores, e agradeço todos os dias a ajuda divina. Quanto a mim, estou inteira, estou em paz, e cresci, mais cresci muito, longe de você, coisa que não aconteceu com você, portanto, sei que setembro, esse mês que findou ontem, tem seus dias nublados de lembranças ruins, mais tem dias ensolarados de boas lembranças, com acontecimentos que vieram depois e iluminaram minha vida. Por isso é bom viver, por isso vale a pena arriscar mudanças e voos mais altos.

Comentários

  1. Morgana,
    O que percebemos da vida é que ou a tememos, ou ela nos respeita. A vida não respeita quem teme viver. E ninguém respeita a quem a vida não respeita. Então, há momentos em que olhamos para a o abismo, para o outro lado de campos verdejantes, para a ausência de ponte entre aqui e lá, e temos que nos decidir se ficaremos sentados à beira do abismo, meditando sobre o que se esconde sob suas sombras, ou se passaremos pelo vale das sombras (que pode não ser fácil!) e, custe o que custar, chegaremos aos campos do outro lado... Foi o que você fez. E quem pôde fazer isso pode alcançar ainda mais e melhor outras vitórias. Por isso, meu mais profundo respeito, que certamente nada mais é que uma nesga do imensurável respeito da vida por você. Mas, certamente, o maior respeito deve vir daquele “serzinho” que, diante de seus próprios abismos, tem tudo para não hesitar, mas dizer a si mesmo: você conhece bem de perto alguém que já fez isso, e você pode fazê-lo também!
    Deus está sempre do lado dos valentes. Que adiantaria aos medrosos a presença de Deus, se estão com tal medo olhando para seus temores que nada mais conseguem enxergar?!
    Um abraço carinhoso
    Lello Bandeira

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Morgana

A saudade e o dia dos pais...